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6 de abril de 2020

Por que ignorar a quarentena e reabrir o comércio agora não vai resolver a crise econômica

No desnecessário embate entre saúde e economia, que tem se desenrolado no Brasil nas últimas semanas, quase não se fala em um fator fundamental para compreender e superar a crise: a disposição do consumidor para gastar em meio a uma pandemia.

Comprar um carro novo, reequipar a cozinha e renovar o guarda-roupa saíram da lista de prioridades imediatas para milhões de pessoas no mundo todo, inclusive no Brasil. Não porque o comércio fechou em quarentena, mas porque o cenário econômico, nacional e mundial, é incerto.

Quem quer comprometer o limite do cartão de crédito em tempos de empregos ameaçados e risco à saúde pública?

O pessimismo é um fenômeno mundial, que veio de carona com a pandemia. Abrir as portas das lojas, neste momento, não parece ser suficiente para afastá-lo.

Quando se discutem as medidas de isolamento social, e o impacto que o fechamento do comércio e dos serviços terá na circulação de dinheiro e na arrecadação de impostos, é necessário incluir na conta essa variável. A crise econômica não vem apenas no rescaldo da pandemia – é indissociável dela.

O esperado “retorno à normalidade” não é possível, porque o mundo mudou diante do vírus. O desafio, para governos e iniciativa privada, está em como reagir. E quando.

Um estudo feito pela consultoria internacional McKinsey, em fevereiro e março, avaliou o índice de otimismo do consumidor nos Estados Unidos, Espanha, Itália, China e Reino Unido. Concluiu que o pessimismo aumenta conforme avança o número de casos da doença.

A boa notícia é que na China, que já passou pela pior fase de proliferação da covid-19, a reação dos consumidores foi rápida: embora 54% dos chineses ainda evite compras e investimentos devido à incerteza com a economia, de fevereiro para março a disposição para gastar aumentou de 35% para 40% no país.

O otimismo sobre a recuperação econômica, entre os chineses, passou de 43% para 48% conforme o número de casos reduziu. E o percentual dos que acreditam que a pandemia ainda terá impacto de longo prazo na economia diminuiu de 56% para 46%.

A experiência chinesa indica que, diante de um inimigo invisível, é necessário tempo e paciência. Vai ficar tudo bem.

 

Fonte: NSC Total | Escrito por: Dagmara Spautz (https://t.me/dagmaraspautz​​) | Foto: Divulgação SSP

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